Segundo Paulo Kakinoff, presidente da companhia aérea, tratativas da Gol com o BNDES estão evoluindo, apesar da configuração complexa da linha de socorro ao setor
A demanda doméstica para a aviação comercial só deverá retornar aos patamares vistos em 2017 e 2018 em meados do ano que vem, afirmou Paulo Kakinoff, presidente da Gol Linhas Aéreas, ao participar do webinar realizado pela Airport Infra Expo.
Pode ser que a demanda leve muitos meses para se recuperar, […] mas será em meados de 2021. Mas existe uma margem de erro grande”, disse o executivo. Sobre a demanda por voos internacionais, dos quais ele disse que a Gol tem baixa dependência, a recuperação poderá levar anos.
Kakinoff afirmou que o fato de a companhia ter uma frota padronizada de aeronaves ajuda a enfrentar o desafio causado pela pandemia de covid-19.
Sobre as perspectivas para os preços das passagens aéreas, o executivo comentou que é muito difícil falar sobre o assunto, considerando que há três semanas o dólar estava a R$ 6, caiu para R$ 4,80 e voltou para R$ 5,20. “É virtualmente impossível fazer projeção neste aspecto.”
Para Kakinoff, as marcas Gol, Latam e Azul permanecerão no mercado brasileiro, apesar das dificuldades causadas pela crise. A perspectiva dele é que muitas marcas no mundo possam sair de mercado devido ao cenário de insolvência.
Renegociação
As tratativas da Gol com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão evoluindo, apesar da configuração complexa desta linha de socorro ao setor, disse Kakinoff.
“O nível de trabalho é intenso para que esta linha tenha uma configuração com nível de atratividade balanceado para investidor, empresas aéreas, sindicato de bancos privados e BNDES”, afirmou o executivo no webinar.
Sobre a gestão dos compromissos financeiros, o presidente da Gol disse que houve evolução da negociação com as empresas de arrendamento de aeronaves, que está em fase avançada.
Na dívida financeira, a empresa tem recursos para o pagamento e um financiamento internacional de longo prazo de US$ 300 milhões.
“Temos recursos em caixa, mas queremos preservá-lo o máximo possível e trabalhamos com alternativas para que estes compromissos possam ser atenuados.” Ele disse que o próximo vencimento será no fim de 2023, portanto, a Gol terá um “fôlego mais que suficiente” para reconstituir suas posições financeiras até lá.
Gol, Latam Airlines e Azul ainda negociam um pacote de socorro com o BNDES e um consórcio de bancos comerciais. Mas a ajuda, antes cogitada em R$ 4 bilhões por empresa, encolheu e hoje se fala em R$ 2 bilhões, sendo 60% vindos do banco de fomento, 10% dos privados e 30% por meio de operações de mercado.
Fonte: Valor Investe